Estruturação de um Sistema de Informações Geográficas no gvSIG para o monitoramento florestal com parcelas permanentes
Parcelas permanentes são áreas demarcadas na floresta, onde as árvores são remedidas periodicamente objetivando a obtenção de informações sobre o crescimento e a dinâmica da floresta, bem como sua evolução diante das mais diversas alterações, incluindo-se tratamentos silviculturais. Na maioria das parcelas permanentes instaladas em Florestas de Araucária, por ocasião das remedições, o sub-bosque denso dificulta o acesso e a localização das árvores, mesmo estando estas com seus troncos pintados e identificados com plaquetas. Assim, acredita-se que a espacialização das árvores, bem como o perímetro das parcelas em ambiente de geoprocessamento venha a facilitar o processo de remedição.
A alternativa proposta foi testada na Reserva Florestal Embrapa-Epagri, Caçador, SC, em 10 parcelas permanentes instaladas em áreas com predominância de Araucaria angustifolia. As parcelas possuem dimensões de 25 m x 100 m, com uma superfície de 2500 m2 cada. O registro das variáveis dendrométricas iniciou-se em 2004, sendo medidas anualmente todas as árvores com CAP (circunferência à altura do peito – 1,30 m) superior a 62 cm. Em cada parcela foram tomadas as coordenadas dos quatro vértices usando-se GPS topográfico. A posição relativa de cada árvore foi determinada considerando-se um sistema de coordenadas cartesianas, sendo o eixo Y representado pelo limite lateral esquerdo da parcela, no sentido do comprimento (100 m) e o eixo X pelo limite inferior da parcela, no sentido da largura (25 m). Tanto o vetor do perímetro (polígono) quanto os vetores das árvores (pontos) no sistema cartesiano, assim como o perímetro real em coordenadas UTM obtidas com GPS, foram inseridos no gvSIG por meio da criação dos respectivos shapes, Em seguida, empregando as propriedades de edição vetorial, incluindo o recurso do “snap”, o conjunto formado pelo perímetro e árvores do sistema cartesiano foi transladado e sobreposto ao perímetro verdadeiro, obtendo-se, assim, as coordenadas UTM também para cada árvore de cada parcela. Na tabela de atributos dos shapes das árvores um campo com seu código de identificação possibilitou a associação ao conjunto de dados tabulares externos contendo as variáveis medidas em ocasiões sucessivas. Os mapas gerados a partir de cada parcela e respectivas árvores visualizadas no gvSIG são, atualmente, levados a campo por ocasião das remedições e atualizados durante o processamento de dados.
O Sistema de Informações Geográficas estruturado no gvSIG para o monitoramento da floresta com base em parcelas permanentes facilitou sobremaneira os trabalhos de campo. Os mapas gerados contêm a posição e o número de cada árvore das parcelas, facilitando sua localização e diminuindo o tempo despendido nas remedições. A associação dos dados espacializados com o conjunto de variáveis dendrométricas constitui um sistema robusto para o inventário florestal contínuo, permitindo que dados espaciais e não espaciais sejam tratados de forma independente, porém mantendo perfeita coesão. Além disso, por se tratar de monitoramento de longo prazo, a utilização de software livre como o gvSIG, que oferece suporte, manutenção e versões atualizadas, é fundamental para a continuidade do processo.
- Poster 3as Jornadas da América Latina e do Caribe de gvSIG
